terça-feira, 19 de julho de 2011

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Alagoas realiza primeiro casamento gay

Juntas há um ano e meio, enfermeira e cantora falam à Gazeta sobre relação homossexual e a satisfação em consumarem união


Luciana e Viviane vão se casar numa cerimônia religiosa na capital: “Temos esse direito”

A resistência dos familiares, que não estarão presentes, não tirou a alegria e nem fez a enfermeira paulista Viviane Rodrigues, 32, e a cantora alagoana Luciana Lima, 27, desistirem da cerimônia em que se unirão em casamento, no final deste mês. O ato, a ser celebrado por um orador kardecista numa casa de festas em Maceió, será o primeiro casamento gay de Alagoas.

Elas estão juntas há cerca de um ano e meio, e foram dos primeiros casais a formalizar a união homoafetiva em cartório. Em maio último, logo que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo, Viviane e Luciana legalizaram a relação no 1º Cartório de Registro Civil de Casamentos e Feitos Matrimoniais, no Centro de Maceió.

Agora elas querem sentir a emoção daquilo que tradicionalmente se conhece como casamento religioso. “Temos esse direito como qualquer casal hetero”, diz Viviane, aproveitando para desfazer a imagem preconceituosa de que, na cerimônia que vai uni-la a Luciana, haverá “um noivo”. A enfermeira, que trabalha num hospital da rede pública estadual, declara que o evento que vai protagonizar é o casamento entre duas mulheres.

‘É preciso respeitar a decisão dos outros’

Preconceito é um problema que Viviane Rodrigues e sua companheira Luciana Lima, como a maioria dos homossexuais, enfrentam com frequência. A mais recente situação que vivenciaram foi há cerca de dois meses, em Garanhuns (PE). “Estávamos num bar, curtindo o Dia dos Namorados. Não havia manifestação explícita de carinho ou qualquer outra atitude que pudesse deixar as pessoas constrangidas. Mas dava para perceber que tínhamos intimidade de casal”, conta Viviane.

Repentinamente foram surpreendidas pelo garçom que se aproximara entregando-lhes a conta do que consumiram e pedindo que se retirassem. “Foi chocante. Pensamos em processar o estabelecimento, mas acabamos deixando a cidade com muita raiva por esse constrangimento”, declara a enfermeira.

Ao seu lado, Luciana diz que arrependem-se de não terem reagido. “Denunciar a discriminação seria o mais correto. Acreditamos que até a homofobia deve ser manifestada de forma inteligente, com educação. Discordar é um direito de qualquer pessoa, mas é preciso respeitar a opinião e decisão dos outros”, reage a compositora, que em setembro lança o primeiro CD onde interpreta composições suas e de outros alagoanos. Uma composição que fez para Viviane e que será cantada por Luciana na cerimônia de casamento, vai estar no CD.

União foi reconhecida em maio pelo STF

DA EDITORIA DE CIDADES

A união estável para casais do mesmo sexo foi reconhecida por unanimidade, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em sessão plenária no dia 5 de maio deste ano. Com a decisão, os ministros garantiram a companheiros em relação homoafetiva duradoura e pública os mesmos diretos e deveres das famílias formadas por homens e mulheres. O julgamento que reconheceu a união homoafetiva durou mais de 11 horas e mobilizou entidades ligadas à causa.

“O reconhecimento, portanto, pelo tribunal, hoje, desses direitos, responde a um grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida”, afirmou a ministra Ellen Gracie ao proferir seu voto.

FONTE - Gazeta de Alagoas
Repórter - Bleine Oliveira
Foto - Ricardo Lêdo

Um comentário:

  1. Obrigada pelo carinho! Deus abençoa as pessoas que pregam e VIVEM o amor! Um beijo par você. Lu e Vivi.

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