O diretor Bruno Barreto entre as atrizes Gloria Pires e Miranda Otto, de "Flores Raras" (31/5/12)
A atriz Glória Pires, que vai interpretar o papel da arquiteta Lota de
Macedo Soares no filme "Flores Raras", de Bruno Barreto, acredita que o
longa-metragem trará um mensagem de impacto sobre o legado de Lota e da
poetisa Elisabeth Bishop, além do romance homossexual retratado nas
telas.
“Espero que tenha um grande impacto. As pessoas veem na questão da
homossexualidade um grande atrativo, mas o que está se discutindo é o
que elas deixaram, sua obra (é de Lota o projeto do Parque do
Flamengo)", disse a atriz, que participou de um encontro com a imprensa,
na tarde desta quinta (31), ao lado do diretor Bruno Barreto, da
produtora Paula Barreto e das atrizes Miranda Otto, que fará Bishop no
filme, e Tracy Middendorf.
Gloria defendeu a ideia de que a história de amor deve ser vista de
forma diferente. “Acho que todo preconceito vem da falta de
conhecimento. Sempre que se faz um filme, é interessante que as pessoas
vejam as coisas de outra forma e não fiquem preocupados com a opção
sexual dos outros”, ponderou. No filme, a brasileira atuará em inglês, porque Lota e Elizabeth se comunicavam na língua materna da poetisa.
“Flores Raras” começa a ser rodado a partir do dia 11 de junho e terá
locações na cidade do Rio de Janeiro, em Pedro do Rio, distrito de
Petrópolis, e também em Nova Iorque e Veneza. Mas a conta do projeto
ainda não fechou e pode faltar verba para finalizar o longa, que tem
orçamento de R$ 13 milhões registrado na Ancine, segundo a produtora
Paula Barreto. “Para botar o filme na lata são quase 11 milhões e ainda
estão faltando R$ 2 mi para acabar as filmagens. Pela primeira vez,
estamos começando um filme sem ter o dinheiro todo para colocar ele na
lata, arriscando de ter que parar a filmagem no meio”.
A produtora afirmou que muitas empresas não querem atrelar a sua imagem
a uma temática gay. “A gente não pensou que fosse passar por essa
dificuldade (de captar recursos). Que história linda, poxa. Mas na hora
de dar a resposta, dizem que fica difícil da gente atrelar a imagem da
nossa empresa a este assunto... Alegam falando, mas textualmente não. O
e-mail vem: 'parabéns pela iniciativa do projeto, sensacional, mas não
vai dar para gente apoiar'. Se vai esperar que isso aconteça no século
21? Qual é o problema”, desabafou.
Amy Irving 'impedida' pela idade
A atriz norte-americana Amy Irving, ex-mulher de Bruno Barreto, foi
peça importante para o diretor ter a ideia de levar a história de Bishop
para o cinema, mas está fora da produção "devido a idade". "Foi ela
(Amy) que me fez ver que nessa história tinha um filme. Minha mãe (Lucy)
tem o direito desse livro desde 1995, e eu não achava que tinha um
filme. Foi quando eu vi a Amy fazendo Elizabeth Bishop no monólogo da
Marta Góes é que eu disse: ‘Ah, aí tem um filme’, contou Bruno ao UOL.
O principal impeditivo de Amy estar nesta produção foi a idade, de
acordo com Bruno: “Era muito importante que a Bishop e a Lota tivessem a
mesma idade. Existe uma diferença de dez anos entre a Amy e a Glória. A
Glória foi a primeira a ser escalada e entrou no projeto antes de mim
até, então ela deu o parâmetro".
FONTE - Rodrigo Teixeira - UOL